O que é rastreabilidade de alimentos
A demanda por alimentos aumentou, o que levou à criação de métodos e condições intensivas de produção. Ao mesmo tempo, surgiram consequências indesejáveis, como, por exemplo, queijos contaminados, aumento de micotoxinas, adulteração de leite, gripe suína, entre outros problemas. Nesse post, falaremos o que é a rastreabilidade de alimentos, como aplicá-la e sua importância dentro desse contexto.
Antes, vale ressaltar que a implantação da rastreabilidade, mais do que uma exigência mercadológica, é uma exigência sanitária e de saúde pública. Essa certificação de qualidade é um meio para garantir a saúde e a segurança do consumidor, coisa que falamos a todo o tempo dentro de UANs, restaurantes, indústrias, entre outros locais que trabalham e vivem para alimentar e nutrir.
O que é a rastreabilidade de alimentos
A marcação de ferro no ombro de bois ou os brincos nas orelhas de pequenos ruminantes é considerada uma forma de identificação animal. Isso, porém, não significa nada sem um armazenamento de dados, que dá a acesso a todos os elos da cadeia produtiva.
O regulamento nº 178/2002, da Comunidade Europeia, define rastreabilidade como: “a capacidade de detectar a origem e de seguir o rastro de um gênero alimentício, de um alimento para animais, de um animal ou de uma substância, destinados a ser incorporados em alimentos para animais, ou com probabilidade de o ser, ao longo de toda fase de produção, transformação e distribuição”.
Já a International Organization for Standardization, em 2000, por meio da ISO 9000, definiu rastreabilidade como “habilidade de rastrear a história, uso ou destino de algo”. Com a ISO 22005, de 2007, surgiram novidades: o tracking, que é a capacidade de seguir o caminho de um produto por meio da cadeia de alimentos, e o tracing, que identifica a origem de uma unidade de produto ou lote.
De uma forma resumida, a rastreabilidade compreende a capacidade de seguir ou rastrear um alimento desde a sua produção ou colheita até o consumidor final.
Importância e benefícios da rastreabilidade
A rastreabilidade surgiu da necessidade de identificar em que ponto da cadeia um alimento está e se tornou uma ferramenta importante para a segurança dos alimentos, apesar de não garantir por si só que o alimento seja 100% seguro.
Quando há, por exemplo, um surto de Doença Transmitida Por Alimentos, com a rastreabilidade, é possível identificar o lote contaminado e retirá-lo do mercado, assim como responsabilizar os culpados. Sem a rastreabilidade, não há como tomar medidas preventivas e corretivas nos casos de contaminação alimentar.
No caso da carne, a rastreabilidade traz uma maior interação entre o setor público e o privado da cadeia de produção, gerando benefícios para gestão e produtividade do setor.
Para o consumidor, podemos citar outros benefícios como: permitir a escolha de produtos que conversem com seus ideais, a exemplo que causem menor impacto ambiental, possibilitar a escolha por atributos específicos de qualidade do produto e estimular a concorrência por meio da diferenciação da qualidade.
Um exemplo prático do benefício para o consumidor é que ele pode optar entre comprar um produto de uma empresa que usa, ou de outra que não usa trabalho infantil, já que isso consta nos registros gerados pela rastreabilidade.
Para o setor privado, é possível diagnosticar problemas na produção, cumprir com a legislação vigente, agilizar os procedimentos de recall, proteger a reputação da marca, minimizar custos associados a uma retirada de produto do mercado, possibilitar a identificação de produtos diferenciados, valorizar atributos do processo de produção, estreitar a relação com fornecedores, entre outros benefícios.
Por fim, para o governo, a rastreabilidade protege a saúde do consumidor, possibilita o controle e proteção de humanos e animais em emergências e ajuda a prevenir fraudes, como nos casos dos alimentos orgânicos, que dependem exclusivamente da sua origem.
Como funciona um sistema de rastreamento
Como citado anteriormente, identificar não é rastrear um produto. Colocar uma etiqueta não é o suficiente e, por isso, as empresas devem contar com um sistema de rastreabilidade. A exemplo, podemos citar:
- Código de barras: a leitura é feita por scanners que transformam em número e letras as impressões de barras em preto e branco;
- QR code: é um código de barra em formato 2D que ganhou destaque por permitir a leitura em dispositivos móveis;
- Softwares de leitura: empresas de programação de aplicativos para o mobile investem em softwares de leitura de QR code e código de barras;
- RFID: utiliza a radiofrequência para obtenção de dados e tem a vantagem de conseguir rastrear em tempo real os produtos.
Esses sistemas de rastreabilidade devem ter um mecanismo confiável para manter a credibilidade da empresa e garantir a transferência de informações. A rastreabilidade é um exercício do direito à informação e uma forma de assumir um comprometimento ético por parte das empresas em relação à políticas sociais e ambientais.
Além disso, é uma ferramenta de gestão, marketing e controle de qualidade, que desperta um senso de responsabilidade em toda a cadeia produtiva. Apesar da sua importância, o Brasil não tem um sistema nacional obrigatório de rastreabilidade. Na Europa, em contrapartida, esse sistema já é obrigatório e amparado em legislação.
O sistema de rastreabilidade é uma maneira de compensar a distância entre o produtor e consumidor com informações úteis e importantes. É um jeito de contar para quem está indo ao supermercado o que acontece na agropecuária e agricultura.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, em 2014, mostrou que somente cerca de 42,6% dos produtos embalados apresentam informações de rastreabilidade voluntária e apenas 0,06% dos alimentos a granel têm essas informações.
Esse ainda é um debate recente no Brasil, que merece mais análise, incentivo e mobilização. Agora que você sabe o que é a rastreabilidade de alimentos, qual é a sua opinião sobre o assunto? Acredita que essa é uma ferramenta importante para o consumidor? Que tal compartilhar o que você acha aqui embaixo, nos comentários?
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