Elaboração de Manual de Boas Práticas de Fabricação MBF

Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos. O que é?

A fabricação de alimentos é uma atividade rigorosamente regulada, dada a importância da segurança alimentar. No Brasil, as diretrizes para a produção segura de alimentos são consolidadas no Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos (BPF). Este manual é um documento técnico que descreve as operações necessárias para garantir a higiene em todo o processo produtivo, desde a recepção da matéria-prima até a distribuição do produto final.

Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos. O que é?
O que é Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos.

As Boas Práticas de Fabricação constituem a base para programas de garantia de qualidade como o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Estas práticas proporcionam protocolos detalhados de procedimentos higiênicos e operacionais que são essenciais para prevenir, eliminar ou reduzir a contaminação dos alimentos. São aspectos fundamentais para empresas que buscam não apenas o atendimento a legislações, mas também a melhoria contínua da qualidade de seus produtos.

O Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos é, portanto, uma ferramenta imprescindível para os gestores da indústria alimentícia. Ao seguir as orientações estabelecidas, as empresas podem assegurar a inocuidade e a qualidade dos alimentos, protegendo a saúde dos consumidores e fortalecendo a confiança na marca. A padronização dos processos descrita pelo manual abre caminho para a eficiência e a excelência operacional, elementos-chave para o sucesso no setor de alimentos.

Legislação Aplicável no Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos

No contexto da fabricação de alimentos, é imperativo compreender as leis e regulamentos que estruturam e guiam o setor. Estes são divididos entre regulamentos nacionais e normas internacionais, os quais são detalhados nas seções a seguir.

Regulamentos Nacionais

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece as diretrizes para as Boas Práticas de Fabricação (BPF) que devem ser seguidas pelos estabelecimentos produtores de alimentos. Os principais regulamentos incluem:

  • RDC Nº 275/2002: Estabelece os procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação.
  • RDC Nº 216/2004: Providencia um conjunto de procedimentos que devem ser adotados por estabelecimentos que desempenham atividades relacionadas à produção e comercialização de alimentos.

Além disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) também emite normativas para alimentos de origem animal, como a Instrução Normativa Nº 62/2003, que define métodos de análise microbiológica para controle de produtos de origem animal.

Normas Internacionais

As normas internacionais servem como referência para a harmonização de práticas de fabricação de alimentos ao redor do mundo. Os principais organismos e normas incluem:

  • Codex Alimentarius: Desenvolvido pela FAO e pela OMS, o Codex define padrões alimentares para proteger a saúde dos consumidores e garantir práticas justas no comércio alimentício.
  • ISO 22000: Esta norma internacional especifica requisitos para um sistema de gestão de segurança de alimentos, sendo aplicável a todos os tipos de produtores de alimentos.

A adequação a essas normas garante a produção de alimentos seguros e a conformidade com os padrões de qualidade e segurança alimentar reconhecidos internacionalmente.

Responsabilidades no Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos

No contexto do Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos, as responsabilidades estão claramente definidas para assegurar a segurança alimentar. Essas abrangem tanto a gestão da qualidade quanto a capacitação de colaboradores.

Gestão da Qualidade

A Gestão da Qualidade deve assegurar que todos os processos produtivos se alinhem com os padrões de segurança e eficácia determinados pelas legislações vigentes. Deve-se realizar:

  • Auditorias periódicas: para garantir a conformidade contínua com boas práticas.
  • Controle de registros: manutenção de documentação precisa dos processos de produção e controle de qualidade.

Capacitação de Colaboradores

A capacitação dos colaboradores é fundamental para o cumprimento das boas práticas de fabricação. Deve incluir:

  • Treinamentos regulares: para atualizar os funcionários sobre as práticas atuais e novas regulamentações.
  • Avaliação de desempenho: para monitorar a aplicação do conhecimento adquirido no ambiente de trabalho.

Controle de Qualidade na Fabricação de Alimentos

A garantia da qualidade na fabricação de alimentos é primordial e envolve procedimentos específicos, como a higiene pessoal dos colaboradores e o controle rigoroso dos ambientes e equipamentos de produção. Estes aspectos são críticos para evitar contaminações e assegurar a segurança dos alimentos.

Higiene e Saúde dos Manipuladores

É indispensável que os manipuladores de alimentos sigam normas rígidas de higiene para minimizar o risco de contaminação dos produtos. Protocolos devem incluir:

  • Uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual): Máscaras, luvas, toucas e uniformes limpos.
  • Higienização: Lavagem frequente das mãos com água e sabão e uso de álcool em gel.
  • Saúde: Monitoramento da saúde dos colaboradores para detectar precocemente sinais de doenças transmissíveis.

Monitoramento Ambiental e de Equipamentos

O controle dos ambientes de produção e dos equipamentos é vital para manter a qualidade dos alimentos. As ações incluem:

  • Limpeza e Sanitização: Programas regulares de limpeza e desinfecção de superfícies e equipamentos.
    Frequência Método Agente Sanitizante
    Diária Aspersão Hipoclorito de sódio
    Semanal Imersão Álcool 70%
    Mensal Esfregão Quaternário de amônio
  • Manutenção Preventiva: Checagem e manutenção dos equipamentos para garantir seu funcionamento adequado e higiênico.

Essas práticas são essenciais para atender às normativas e padrões de qualidade exigidos no setor de alimentos.

Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos. O que é?
O que é Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos

Documentação e Rastreabilidade

A secção aborda os documentos essenciais na cadeia produtiva de alimentos e a importância da rastreabilidade para a segurança alimentar.

Procedimentos Operacionais Padronizados

Os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) constituem-se como documentos que detalham todas as operações realizadas na fabricação de alimentos. Eles incluem:

  • Identificação dos procedimentos operacionais que exigem padronização.
  • Descrição detalhada da execução das tarefas.

Esses documentos são fundamentais para garantir a conformidade e padronização das operações, minimizando variações no processo produtivo e assegurando a qualidade do produto final.

Sistema de Rastreabilidade de Produtos

O Sistema de Rastreabilidade de Produtos é um mecanismo que permite acompanhar a trajetória de um alimento em todas as etapas da produção, processamento e distribuição. Elementos cruciais incluem:

  • Código de Lote: Permite identificar a que grupo de produção determinado alimento pertence.
  • Data de Validade: Fornece informações sobre o período seguro para consumo do alimento.

Esse sistema permite não apenas um controle sistemático da qualidade, mas também uma rápida resposta a possíveis incidentes de contaminação alimentar, identificando e isolando lotes afetados.

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

A Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é um sistema preventivo que garante a segurança alimentar. É uma ferramenta essencial para identificar perigos específicos e medidas de controle para garantir a segurança dos alimentos.

Identificação de Perigos

A identificação de perigos é uma etapa fundamental no sistema APPCC, que consiste em reconhecer qualquer agente biológico, químico ou físico presente no alimento que possa causar um efeito adverso à saúde. Deve-se realizar uma análise completa da cadeia produtiva para enumerar os possíveis perigos, levando em consideração os seguintes aspectos:

  • Matérias-primas: Revisar a origem e as especificações de qualidade.
  • Processos de produção: Avaliar cada etapa do processo, incluindo armazenamento e transporte.
  • Produtos finais: Analisar as condições de embalagem e prazos de validade.

Monitoramento de Pontos Críticos

O monitoramento é o ato de conduzir uma sequência planejada de observações ou medições dos parâmetros de controle dos Pontos Críticos de Controle (PCCs) para avaliar se eles estão sob controle. Deve-se definir:

  • Limites críticos: Valores máximos e/ou mínimos a serem respeitados.
  • Procedimentos de monitoramento: Estabelecer como, quando e quem irá monitorar os PCCs.
  • Registros: Mantenha uma documentação detalhada para verificar a eficácia das ações.

Cada PCC deve ter procedimentos de monitoramento claros e específicos para garantir um controle contínuo e eficaz dos perigos identificados.

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